R$ 96.000,00. Um repasse para se fazer competições internas
O esporte brasileiro, definitivamente, não se adaptou aos tempos modernos. Como exercer a administração de qualquer atividade, nos dias de hoje, num mundo capitalista acelerado, sem ter noções básicas de como funciona a engrenagem comercial.
Para iniciar em qualquer ramo, existe a necessidade de alto investimento. Sem contar com colégios e universidades particulares, para se construir um futuro sonhado, temos que montar um escritório, ou uma loja, ou um consultório, ou uma empresa, etc. Temos que gastar com estoque, com publicidade, com a contratação de empregados, com a capacitação deles, com publicidade, etc.
Quando conseguimos empatar nosso investimento no primeiro ano de trabalho é sucesso absoluto.
No esporte é diferente. As pessoas só conseguem enxergar o romantismo que as gerações passadas nos transmitiram. Meu pai foi daqueles dirigentes que colocavam dinheiro do bolso para sustentar o esporte. Pelé, Wlamir Marques e outros mitos do esporte brasileiro nunca receberam o retorno financeiro que mereceriam nos dias de hoje.
Mas o mundo mudou. O esporte brasileiro não pode continuar sobrevivendo daqueles que acham que basta andar com um projeto embaixo do braço e que, se não conseguir patrocínio, o esporte não acontecerá.
Nem os patrocinadores são tratados como merecem. Por isso a oscilação. As poucas verbas conquistadas não duram muito.
Nenhum patrocinador quer bancar um projeto sozinho. Tem que ter contra-partida.
Em Cabo Frio se deturpa o objetivo da verba pública. O Poder Público tem ações incisivas no esporte local. A Prefeitura se orgulha do Projeto Novo Cidadão de iniciação esportiva. E cada liga esportiva recebe uma subvenção de R$ 96.000,00/ano para fomentar a transição entre o Novo Cidadão e o esporte de excelência.
E muita gente acha que dá para fazer esporte com apenas R$ 96.000,00/ano.
Nem o prefeito quer isso. Essa subvenção exige contra-partida. Os dirigentes esportivos têm que usar essa verba para estimular o aparecimento de outros bebedouros que irriguem o esporte. Por isso estamos gerando competições municipais, colegiais e regionais. Investimos em mídia e vamos captar mais recursos. Nós vamos construir a pirâmide do nosso projeto com a base bem sólida.
Só para esclarecer os incautos, segue os custos básicos de uma entidade que resolva disputar somente a categoria mais básica da Federação de Basquetebol do Estado do Rio de Janeiro (sub-13 masculino). Se quiser disputar também o feminino, os custos aumentarão consideravelmente.
Um técnico capacitado para sub-13 tem um salário médio de R$ 1.200,00: 13 x R$ 1.200,00 é igual à R$ 15.600,00
Um assistente-técnico receberá algo em torno de R$ 800,00: 13 x 800,00 é igual a R$ 10.400,00.
Um roupeiro receberá um salário mínimo (R$ 620,00): 13 x 620,00 é igual a R$ R$ 8.020,00.
Um profissional da área médica (fisioterapeuta e/ou massagista), digamos que aceite um salário mínimo: R$ 8.020,00
Duas vans por mês para o Rio de Janeiro (considerando carros auxiliares gratuitos): R$ 1.500,00 x 10 meses: R$ 15.000,00
Duas alimentações para 18 pessoas (R$ 20,00 por pessoa): R$ 720,00 x 10 meses: R$ 7.200,00
Taxas de Arbitragem (dois jogos em casa e dois fora por mês): R$ 1.500,00 x 10 meses: 15.000,00
Anuidade da FBERJ mínima: R$ 12.450,00
Taxas de inscrição de atletas: R$ 1.000,00 (média)
Contador: R$ 7.800,00 / ano
Jurídico: R$ 7.800,00 / ano
Assessor de Imprensa: R$ 7.800,00 / ano
Médico responsável: R$ 13.000,00 / ano
Material Esportivo (uniformes e bolas de competição e treinamento): R$ 7.000,00 (em média/ano)
Somente com o básico necessário para se estruturar uma equipe de base de basquete para disputar um Campeonato Oficial da FBERJ se gasta, no mínimo, R$ 136.090,00
E olha que não estamos incluindo os custos com escritório (telefone, material de escritório, súmulas, etc)
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